quinta-feira, 10 de junho de 2010

El Hombre de mi corazon

Não há quem controle a dor da lembrança
E nem quem abra mão da alegria da saudade
Só que não teve infância não sabe como é ter um avô
Que estoura pipoca e frita ovo com batata
Que conta histórias cumpridas sobre uma sopa de pedra
Que dorme sem você perceber enquanto tava contando uma piada, e ri no final.

Um avô muito bonito,
Muito bravo e muito bom.
Um avô que dava broncas em espanhol.

E eu não me esqueço da espingarda!
E nem dá tal sodinha, do frango que ele assava
Não consigo não chorar ao recordar os dedos dos seus pés.
E o seu chapéu enorme ele tirava quando chegava da rua
Sempre com algum docinho, balinha, tubaína

- Desce daí menina!
- Vô, faz pipoca doce?
- Não pode, ce acabou de comer manga.

Não podia tomar leite depois de comer manga
Não podia comer banana de noite
Não podia ter pepino na janta
Não podia ter medo de besouro
Não podia subir na arvore
Não podia sair no escuro
Não podia mexer na dentadura
Não podia balançar a cadeira pra traz

Mas podia brincar
Ouvir e contar piada
Comer pipoca doce e ver T.V.
Ouvir moda no rádio
Dar tiro com a espingarda
Colher manga, tangerina, laranja, tomatinho
Podia comer maracujá com açúcar
Podia comer pão de mel...
Podia abraçar um vôzinho
Podia.... já não pode mais.

terça-feira, 8 de junho de 2010

O terno e o bebado

E o que é que há com os seguranças?
Acordar e pensar em quantas pessoas irá repreender?
De forma quase educada, se não fosse claro o gerúndio em excesso:
- Boa Noite, eu queria ta pedindo pra senhora não ta sentando dessa maneira, pois não é permitido ta colocando os pés em cima do bando e blábláblá
E porque raios aquele mendigo negro e bêbado não podia entrar no tal do estabelecidamente, se ele é mais digno que os seguranças?
Ele é só um bêbado, não se contentou com seu emprego medíocre, pois afinal nem tinha um emprego!
Nem patrão!
Nem nada de que se queixar, ou nem mesmo dividas a pagar.
Ele era apenas uma pessoa livre da sociedade, ou preso por ela...
E aquele segurança bobalhão....

Os cinco lados da moeda.

Qual é a coisa boa do lado ruim?
O pão quente ou o gergelim?
O orvalho na cidreira ou no alecrim?
A farinha, o aipim, a vaquinha e seu capim.
Vermelho de Rubi ou Verde de Jasmim?
Paula Palhaça ou Mônica Manequim?

Quaisquer coisas além de mim
Samba rock, ou algo assim
Não pode mover meus pés
Nem tocar meu tamborim
Nada nunca além de mim
Aluísio de Machado
Azevedo de Assis
Não pode recitar no meu sarau
Nem beijar um querubim

E o lado ruim da coisa boa?
Tá em Madrid ou em Lisboa?
No cacique ou na leoa?
Na tempero da patroa?
Ou é Mulata boa de bunda
Ou a bunda da mulata boa?

O lado bom da coisa ruim
É sambar bem miudinho
Tomar água de canudinho
É beijar devagarzinho

E o lado ruim da coisa boa
Isso eu não sei...
...só vivo a toa
Cada dia pra mim
Tem uma coisa boa do lado ruim.