domingo, 26 de abril de 2009

Moral da História: O Caminho da Felicidade.

A parte mais difícil de terminar um relacionamento é quando você percebe que não faz mais parte dos planos daquela pessoa ainda tão querida pra você. Passa a ser estranho não incluí-la em seus planos também. Você demora a perceber que ela não faz mais parte da sua realidade e do seu dia-a-dia.Depois que você viveu ao lado dessa pessoa, depois que você aprendeu com ela, depois que você cresceu com ela e ajudou-a a crescer também...
É complicado aceitar um fim, aceitar que você não tem mais o direito de saber cada passo dado.Mas tudo passa, e começamos a acreditar mais em dados estatísticos de que existem bilhões de habitantes na Terra e que pelo menos um, além daquela pessoa, pode te fazer feliz tanto quanto.O processo de recuperação não é o mais fácil, nem o mais divertido, mas quem já sofreu com o término de um relacionamento sabe que ele é necessário.
Então, eis que aprendamos a nos dar valor e busquemos a felicidade, porque ela não sabe o caminho da nossa casa para bater à nossa porta, mas em compensação, quando mostramos o caminho a ela, podemos contar com uma vizinha fiel ou até mais, uma moradora invejável.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Quem sabe depois dos vinte...

( Relevando a dor)
Quem sabe depois dos vinte...



Pensando e pesando as lembranças, de repente parece que em alguns lugares eu tive o mundo, juntando tudo com as mãos.
Cada grão de areia daquele fim de semana na praia, cada folha seca pisada na grama molhada, cada canção vinda dos bares, rouquidão das vozes mais suaves desafinadas.
Sei lá, parece que tudo que é tão pouco se tornou bastante...: minha vida.
Como se eu tivesse degustado todos os sabores, vestidos todas as sedas e pintado todas as cores.
Isso só aumenta minha ansiedade pelo desprendimento, de gostar de sair sem ter rumo.
Atravessar o Itaim Bibi e parar em Nova Iorque.


[Algo depois de Sex and The City, bairro da Lapa e um disco da Maria Rita.]

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Ainda Que Gire Chuveiro Mas Se Lave Sem Sabão.

Expulsei-as de mim, e como se nelas houvesse algum pigmento coloriu-me os olhos de vermelho.
O nariz me escorria líquidos finos e tinha a ponta avermelhada, combinando com meus olhos e contrastando com a boca branca de movimentos involuntários.
A minha boca dormia, abrindo e fechando de acordo com minha respiração cansada e meus soluços incessantes.
Tremiam descompassada e vagarosamente minhas pernas e joelhos, enquanto eu continuava com as unhas cravadas dentro da palma enrugada da mão, sem nem sequer senti-las mais.
O silêncio não substituiu, mas aumentou meu grande desespero.
Meus traços inchados, demarcados pelo brilho escorregado a pouco pelo meu rosto, enquanto meu coração que tivera acabado de tomar uma grande ducha quente, agora sofria quieto, mudo, reclamando a falta da água, pois o meu registro pluvial havia se fechado.
Minha cabeça doía, e os olhos ardiam de tanto forçá-los a derramar-se.
Ora! Saiam malditas gotas, derretam-se em cheias de cloreto de sódio ou acabo presa nessa loucura!

terça-feira, 7 de abril de 2009

Um Amante em Vermelho.

- Me desculpe, mas eu não acredito em você.
Na parede envelhecida, o velho e de bom gosto vermelho encarnado de sempre. O seu bar sempre bem abastecido com uísques variados, e dos melhores; vodcas escocesas, tequilas mexicanas. Suas cortinas cheiravam a cigarros, o que deixava o ambiente tão mais voluptuoso quanto convidativo.
Os sábios bohemios deveriam saber que apesar dos pesares paixão termina em trepadas delirantes e mesadas mais ofegantes que noites de amores.
Inconscientemente meu primeiro movimento foi balançar a cabeça e afirmar:
- Ta.
Todas as vontades, sensações, caricias, sumiram!
E eu me vi deitada, entorpecida, em meio aos seus lençóis de seda cor carmim.
Ali, observando sua pequena silhueta sentada na minha frente vestindo um espartilho negro como seus olhos mareados de lagrimas...
Coisas antigas passando pela minha cabecinha, e tudo que deveria ter sido raciocinado a exatos 32 segundos atrás, repentinamente surgem, com um minuto e 32 segundos de atraso:
- Eu também não acredito mais em você.
Foi o que eu disse antes dela vestir a roupa e pegar sua peruca.

Morreu de Insatisfação

Não há ninguém que ressuscite o feito ou milagre que dê fim na morte alojada em meus pulsos.
Não me alvejei os cabelos, nem me enruguei da face e nem do colo; estou em luto é pela serenidade, luto da leveza, do fascínio e do amor!
Foram se os versos, deixando-me tornar viúva da poesia.
Minha prosa conta pouco, e enquanto conto o tempo que não tenho o meu relógio passa acelerado, a minha inspiração murcha e o até vento antes vagaroso, agora é corrido...
Ainda sinto enquanto venta o poeta respirando amor, contos e cores, risos e flores, de amores ou de dores, mais pintando imagens multi-coloridamente-in-acabaveis no céu cinza-cor-de-saudade;
O rato poeta raro aqui, pulsando arrastado... Porém as palavras, ah! Essas morreram no poeta antes amarelo, hoje, amarelado.
Quando o palhaço agora grita amor, sopra palavras maltrapilhas com cheiro de loucura cor de abacate!
Da ponta rasgando o branco do papel agora apenas vômito, a minha prosa fez-se regurgito do meu desespero, e por favor, sem gelo na próxima dose de insatisfação.

Heterônimos

"Mas eu, em cuja alma se refletem
As forças todas do universo,
Em cuja reflexão emotiva e sacudida
Minuto a minuto, emoção a emoção,
Coisas antagônicas e absurdas se sucedem —
Eu o foco inútil de todas as realidades,
Eu o fantasma nascido de todas as sensações,
Eu o abstrato, eu o projetado no écran,
Eu a mulher legítima e triste do Conjunto
Eu sofro ser eu através disto tudo como ter sede sem ser de água."

Álvaro de Campos