segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Contraditório

Eu, no silêncio das minhas dúvidas ouço o gosto dos labios seus; sinto na boca o cheiro cinza das suas feridas tão abertas... Pele sinestésica, arrepio. Desejo infidável do seu afago, tão (in)fortunamente meu.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Eu sou.

Dos meus gestos, do meu gosto
Das mãos e do rosto me fiz palhaça,
Pintada de amores, sou colombina camuflada;
Tal qual um pierrot que chora, sou Los Hermanos cantada.
Por mordidas, sou escrita inteira...
...devorada.
Sou brisa leve e melodia descompassada.
Feita de segredos, sou desvendada;
Na cama surda, grito muda, sussurro calada.
Pelas paixões, tensões, calamidades
Sou a seca da caatinga e a tempestade,.
Nada sensual, muito casual;
Se sou vulgar, sou Norma Jean Becker, usual.
Pela beleza sou beldade.
Pelas meias mentiras, sou verdade.
Dos meus complexos sou insegurança e loucura.
Devagar, divagando pela literatura,
Sou Lispector, espectro de Clarice.
Sou mau carater de alma boa,
Sou Fernando, sem nenhuma Pessoa.

domingo, 10 de outubro de 2010

Eutanásia (You don't know Jack)

A falta do teu sexo me incomoda.
É desconfortável...
... desconcertante.
Depressão no meu caso é doença terminal.
Então eu afirmo: minha solidão é escolha de suicídio não-assistido.

Fibra ótica - A cegueira depois dos copos

Eu vi nos teus olhos a agonia e a dor.
A solidão, feito uma anciã- ansiosa- ociosa fazia de mim uma pobre mulher de carne em prantos, de cabelo em pé.
Eu vi no reflexo invertido dos teus olhos meu desespero vestindo carmim
Nos devaneios dos olhares teus percebi a distancia com que habitava teu ego.
O espelho mentia, o reflexo invertia.
Minhas unhas mordiam a pele, os dentes rasgavam a atmosfera, devoraram a alegria. Minhas lagrimas alvejavam toda a euforia.
Eis que surjo refletindo novamente:
Depressão continua, fome insaciável, sede inconsciente de sexo inocente.