quarta-feira, 8 de abril de 2009

Ainda Que Gire Chuveiro Mas Se Lave Sem Sabão.

Expulsei-as de mim, e como se nelas houvesse algum pigmento coloriu-me os olhos de vermelho.
O nariz me escorria líquidos finos e tinha a ponta avermelhada, combinando com meus olhos e contrastando com a boca branca de movimentos involuntários.
A minha boca dormia, abrindo e fechando de acordo com minha respiração cansada e meus soluços incessantes.
Tremiam descompassada e vagarosamente minhas pernas e joelhos, enquanto eu continuava com as unhas cravadas dentro da palma enrugada da mão, sem nem sequer senti-las mais.
O silêncio não substituiu, mas aumentou meu grande desespero.
Meus traços inchados, demarcados pelo brilho escorregado a pouco pelo meu rosto, enquanto meu coração que tivera acabado de tomar uma grande ducha quente, agora sofria quieto, mudo, reclamando a falta da água, pois o meu registro pluvial havia se fechado.
Minha cabeça doía, e os olhos ardiam de tanto forçá-los a derramar-se.
Ora! Saiam malditas gotas, derretam-se em cheias de cloreto de sódio ou acabo presa nessa loucura!

Um comentário:

Tati Tosta disse...

"Ora! Saiam malditas gotas, derretam-se em cheias de cloreto de sódio ou acabo presa nessa loucura!"

envolvente demais!