quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Anatomia

Não penso,
Não tenho mais cérebro; faltam-me neurônios.

Não choro,
Não posso ter lagrimas; perdi meus olhos.

Não beijo,
Não tenho boca; não há mais lábios.

Não há sexo,
Não tenho ânsia; faltam-me hormônios.

Não existe sensualidade,
Não tenho bunda e nem quadril ou coxas

Sou estéreo, me sumiu o útero.
Não posso ter filhos; não tenho seios.

Não mastigo, caíram meus dentes.
Nem sinto fome; não há estomago, tripas.

Minhas pálpebras são inexistentes,
Já não durmo mais.

Não há passos, pegadas,
Perdi os pés, pernas e os joelhos.

Não sinto aromas; estou sem narinas.

Não há cachaça pros meus rins.
Não há rins.
Não existem cigarros suficientes pro meu vicio.
Já não tenho pulmões.

Nenhuma aspirina pra minha ressaca.
Nada cura minha dor de cabeça; não tenho cabeça

Não existe um corpo,
Estou em decomposição.

- Respiro. -
Não respiro.
Não há fôlego, falta-me a laringe.

Grito e não tenho garganta.
Canto e não tenho diafragma
Toco mas não tenho dedos.
Escrevo mas não tenho mãos.

Quando quase sofro me convenço de que não tenho alma.
E, aí, quando eu quase amo, me lembro de que eu não tenho um coração.

Um comentário:

Tati Tosta disse...

" E, aí, quando eu quase amo, me lembro de que eu não tenho um coração."

E que palavra[s] escolher pra descrever tal sensação[?]

Distraidamente as linhas me envolveram... pelo tear de versos.

.E, aí. Quando quase Amo. Me lembro de que eu não tenho um coração. [demais o conjunto das linhas anteriores pra se findarem aqui]

.Amei as linhas do fim ao começo.