sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A Paródia

Ingrid Regina de Lima Garcia. Mesmo com pressa, despreza o elevador, são muitos degraus, vários, e ela ainda carrega uma mala enorme.
Doze.
Entra pelo corredor subitamente assustada com o estado do lugar, não se houve nada vindo das salas, nenhum ruído que dê a possibilidade de uma presença humana naquele lugar; ela se distrai com uma frase escrita a lápis na parede e entra no ultimo escritório. Experimenta a maçaneta sem leveza nenhuma, que não cede, a porta com o madeiramento todo empenado, consegue abri-la quando força o ombro. Uma sala suja, sem espécie nenhuma de presença humana, apenas uma praga que lhe escapa. Ela pensa em voltar ao corredor, pega-la, mais é surpreendida.
Atrás da mesa principal, uma moça linda, baixa, cabelos compridos, olhos penetrantes, ali, em cima de uma mesa, de roupa muito sensual, um espartilho curva ainda mais o vestido vermelho encarnado que ela usa com um decote esbanjador; parece que as coisas que vêm dela não ornam, nem com seu rosto, nem com sua pose, nem com sua arma estendida na mão direita com aquele ar de ameaça:
- Nessas horas, aí então você acende um cigarro. - disse a moça, a voz toda banhada em ironia, parece incrível como Ingrid parecia saber até de suas palavras – Estava te esperando
– Me esperava? Como? Ninguém soube que cheguei a tal ponto!
– Eu sabia que viria.
O desespero de Ingrid é confuso, fuma sete cigarros durante aquele dialogo podre em sarcasmo.
– A perdi. - Foi essa a resposta dura de Ingrid quando a moça a indagou sobre a vida.
Ingrid apenas se deslocou a um canto menos iluminado, fumou meio cigarro, e se lançou do parapeito da janela, porém existia uma barra fina de metal escondida entre as cortinas emp0eiradas (que fazia da sala de escritório uma penuria), que a impede de se jogar e cai desmaiada.
– Esperava que tentasse suicidar após a surpresa de eu não te matar. Preparei-me.
Quando Ingrid acorda vê a moça trancando tudo e desprezando as chaves.
– Não pode me prender aqui!
– Porque não, afinal você já perdeu a vida, não?
– Talvez ainda há saída, jeito razão, um amor...
Porém, os pensamentos que Ingrid tem a deixa menos otimista ainda que o comum, e é quando o conformismo a deixa menos ansiosa pela fuga. Em meio a seus penamentos rancorosos definhar ali não parece tão ruim:
– Talvez não exista mais nada pra mim.
– Ficaremos aqui então, por dez, vinte, ou cinqüenta anos.

2 comentários:

Tati Tosta disse...

"'50'" - Pode ser.

Adorei esse.

Beijos.

Giu Missel disse...

adorei também! já falei demais. to cansada...
cansanda de amor cansado?
to pressionada,eu ligo! rs

bjo.