segunda-feira, 2 de março de 2009

Os Sonhos da Moça Como a Mãe de Deus

Primeira Cena
- O xixi
Maria chega ao banheiro vestindo uma regata branca e uma calcinha grande.
Leva um maço de cigarros, um roupão e duas toalhas que dependura num cabideiro.
Faz xixi com as calcinhas pelo tornozelo e depois dá descarga.
Abaixa a tampa do vaso sanitário e senta com as pernas encolhidas com os joelhos a altura do queixo, acende um cigarro, traga e então há um monologo narrado.

Segunda Cena
– A indecisão


Imagem: personagem pensativo fumando.

O Monologo (narração)
“ - E de que importa se ela é heterossexual e blá blá blá e não me quer por isso?
Posso muito bem superar e bola pra frente, até mesmo porque aquele carinha do colégio é muito simpático e muito bonitinho, deve ser bom de cama também, acho que eu namorasse com ele teríamos dois filhos, um menino e uma menina que se chamaria Emilia, mas em todo caso não sei bem não. E se eu não gostar mesmo de meninos, e se na verdade, minha felicidade estiver entre as coxas largas típicas de moça?
E se ela fosse bissexual? Poderia ficar com ela pra sempre... Quer dizer, isso se eu fosse menos complicada!
O moço do colégio estuda química, e eu pensando em história, publicidade, cinema ou letras. Nem decidi! E ele todo maduro! Não daria certo não, não namoraríamos.
Acho que nunca darei certo com alguém, sempre gosto de pessoas distintas, e nem sei, mas ele tem jeito de gay! E se ele for homossexual?
Mas eu também seria uma solteirona bem humorada, só.
Gosto de ficar só.
Minha casa estaria sempre organizada e nunca, ou quase nunca, teria farelos nos tapetes da cozinha.
Na verdade eu prefiro assim.
É. Vou estudar tudo, namorar meninos, casar com meninas, depois me divorciar, ter filhos, depois ir morar sozinha...
...Mas é muita coisa pra decidir tudo hoje, eu acho.”

Terceira cena
- Lavando com Água Seca.


Ao fim do monologo narrado Maria traga e o olha o cigarro quase no fim, expressando um ar de decidida, bem espontâneo, já que é um personagem indeciso e mal ensaia caras concretas, só esboça bem sorrisos. Depois, soltando a fumaça, levanta e entra na parte de dentro do box de banho; traga o cigarro, lança o cigarro perto do ralo e solta a fumaça; despi a regata e tira a calcinha.
Liga o chuveiro, e enquanto o jato revela seus cabelos até a cintura o cigarro é mergulhado com a espuma causada pelo sabonete, escorrendo até o ralo.

Saindo com o corpo enrolado numa toalha e outra no cabelo escreve no espelho embaçado: Maria de Deus.



Os Sonhos da Moça Como a Mãe de Deus , Mauá, 31 de Outubro de 2008, Roteiro/Curta Metragem, DE LIMA, Ingrid Regina.

2 comentários:

Tati Tosta disse...

Tu nem faz idéia do quanto eu Gostei desse.

Muito bom.

Beijos

Cássia disse...

pow,tudo aqui é muito bacana. =D